Variações geográficas na epidemiologia do cancro de mama

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Variações geográficas na epidemiologia do cancro de mama

Quarta, 13.08.2014
Num estudo desenvolvido pelo ROR-Sul com o objectivo de detectar diferenças na sobrevivência do cancro de mama feminino e avaliar os principais factores associados, e publicado na edição de Maio-Junho da Acta Medica Portuguesa sob o titulo «Sobrevivência de Cancro da Mama e Factores Associados: Resultados do Registo Oncológico Regional Sul», foram avaliados 1354 doentes com Cancro de Mama diagnosticado em 2005 e residentes na região Sul de Portugal e Região Autonoma da Madeira. Neste estudo foi confirmada a associação entre a sobrevida global e o estadio e subgrupo biológico da doença, com uma sobrevida significativamente inferior em doentes com doença avançada, assim como em doentes com tumores triple-negative. Não foram observadas diferenças nas taxas de sobrevida de acordo com a região geográfica de residência. 
 
Autores e afiliações: 
Maria do Rosário André*, Sandra Amaral*, Alexandra Mayer**, Ana Miranda**, ROR-SUL Working Group**
* Departamento de Oncologia Médica, Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil. 
** Registo Oncologico Regional - Sul (ROR-SUL), Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil
 
Abstract:
Objectivos: A incidência do cancro da mama em Portugal é inferior à média europeia, sendo, ainda assim, a neoplasia mais frequente na mulher. As taxas de mortalidade por cancro de mama apresentam uma distribuição heterogénea nas diferentes regiões de Portugal. São múltiplos os factores que podem influenciar esta distribuição, incluindo aspectos demográficos e socioeconómicos, características biológicas tumorais, e o acesso aos cuidados de saúde. O objectivo deste estudo é detectar diferenças na sobrevivência do cancro de mama feminino e os principais factores associados.
Material e Métodos: Estudo de coorte, de base populacional e orientação retrospectiva, com follow-up. Foram incluídos casos de cancro de mama diagnosticados em 2005 e residentes na região sul de Portugal, tendo os dados sido recolhidos a partir da base de dados do Registo Oncológico Regional Sul (ROR-Sul) e complementados com dados dos processos clínicos.
Resultados: Foram incluídos neste estudo 1 354 doentes. Observaram-se as seguintes variações geográficas: na distribuição etária, com uma população envelhecida no Alentejo; na distribuição de sub-tipos tumorais, com uma maior incidência de tumores HER2-positivo no Algarve e maior incidência de tumores HER2-negativo na Região Autónoma da Madeira. A sobrevivência global estimada
aos 5 anos foi de 80%, com uma associação significativa com o estadio, receptores hormonais e status HER2. Não foram identificadas diferenças na sobrevivência entre mulheres residentes em regiões geográficas distintas.
Discussão: Apesar das diferenças observadas na distribuição etária e de sub-tipos tumorais entre regiões geográficas, os nossos resultados não suportam a existência de discrepâncias na sobrevivência do cancro de mama entre estas regiões. As características biológicas tumorais parecem ser os principais factores associados à sobrevivência do cancro de mama feminino na nossa população.
Conclusões: O nosso estudo confirma a associação entre a sobrevivência e o estadio, receptores hormonais e status HER2. No entanto, não foram observadas diferenças na sobrevivência entre diferentes regiões geográficas de residência.
 
Revista:
Acta Médica Portuguesa