Associação Portuguesa de Investigação em Cancro
Tratar o cancro do pâncreas e da próstata com nanopartículas de ouro
Tratar o cancro do pâncreas e da próstata com nanopartículas de ouro

Uma equipa multidisciplinar da Universidade do Porto - constituída por investigadores do Laboratório de Engenharia de Processos Ambiente e Energia (LEPAE) da FEUP, do IBMC e do IPATIMUP – em conjunto com investigadores da Universidade Técnica de Chalmers (Suécia), do University of Nebraska Medical Center (EUA) e do Institute for Cancer Research da Noruega estudou, durante três anos, a utilização de nanopartículas de ouro como forma de tratar o cancro, tendo chegado à conclusão que estas tornam mais eficiente o efeito de retenção e permeação de drogas terapêuticas nos tecidos atingidos pela doença.
Segundo explicou ao site da ASPIC a investigadora Sílvia Coelho, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e primeira autora do estudo, «a droga (nomeadamente a conhecida «multi anti-drug resistance» (MDR), entra nas nanopartículas e fica muito mais potente, ou seja tem efeitos muito mais elevados nas células tumorais. Isto permite diminuir a dose normal, que é muito forte, e obter efeitos superiores nas células tumorais e, por razões ainda não conhecidas, sem consequências negativas para as células não tumorais».
As nanopartículas de ouro podem ser utilizadas tanto no tratamento de quimioterapia como de radioterapia, tendo já sido testadas em linhas celulares tumorais e não-tumorais pancreáticas e da próstata.
Com viabilidade para ser introduzido no mercado farmacêutico, este tratamento já despertou o interesse de uma investigadora da Pfizer, nos Estados Unidos, para a aplicação destas nanopartículas na passagem de drogas através da barreira hematoencefálica.
O projecto, que foi financiado pela FCT (140 000 €) e pelo Research Council of Norway (180 000 NK), foi recentemente apresentado nos Estados Unidos, numa conferência da American Association of Pharmaceutical Scientists (AAPS) e, segundo o investigador que liderou o projecto, Manuel Coelho, será publicado dentro de um mês no «Journal of Biomedical Nanotechnology».
Créditos da foto: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto