Associação Portuguesa de Investigação em Cancro
Efeitos do Secretoma de Adipócitos na Progressão do Melanoma
Efeitos do Secretoma de Adipócitos na Progressão do Melanoma

A obesidade é um fator de risco para vários tipos de neoplasias, conduzindo a um pior prognóstico, menor sucesso do tratamento e ao aumento das mortes relacionadas com cancro. Existe uma associação positiva entre o aumento da gordura corporal e o desenvolvimento/progressão do melanoma, no entanto, os mecanismos envolvidos ainda não estão completamente esclarecidos. Neste estudo, recentemente publicado no Journal of Cellular Biochemistry, foram utilizadas culturas celulares in vitro de adipócitos e melanócitos malignos para estudar alguns dos efeitos nefastos que os fatores libertados pelos adipócitos exercem diretamente na agressividade e tumorigenicidade dos melanomas. As moléculas secretadas pelos adipócitos aumentam a proliferação do melanoma, a migração celular e a capacidade de adesão, bem como, levam simultaneamente a uma diminuição da apoptose e da diferenciação celular. Também foram observadas diferenças pontuais entre adipócitos do tecido adiposo visceral e subcutâneo. Além disso, este estudo também revelou uma nova relação entre a obesidade e a progressão do melanoma - a estimulação da mimetização vascular pelo tumor. O desenvolvimento destes canais formados pelos próprios melanócitos fornece uma circulação sanguínea alternativa necessária para o crescimento tumoral e subsequente metastização. A presença destes "falsos vasos" sanguíneos é um preditor de mau prognóstico em pacientes de melanoma humano e pode contornar a eficácia das terapias anti-angiogénicas.
Pedro Coelho1,2,3, Joana Almeida2,3, Cristina Prudêncio2,3, Rúben Fernandes2,3, Raquel Soares1,3
1- Departamento de Bioquímica, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Portugal
2- Ciências Químicas e das Biomoléculas, Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto, Instituto Politécnico do Porto, Portugal
3- Instituto de Inovação e Investigação em Saúde, Universidade do Porto, Portugal
Obesity, favoured by the modern lifestyle, acquired epidemic proportions nowadays. Obesity has been associated with various major causes of death and morbidity including malignant neoplasms. This increased prevalence has been accompanied by a worldwide increase in cutaneous melanoma incidence rates during the last decades. Obesity involvement in melanoma aetiology has been recognized, but the implicated mechanisms remain unclear. In the present study, we address this relationship and investigate the influence of adipocytes secretome on B16-F10 and MeWo melanoma cell lines. Using the 3T3-L1 adipocyte cell line, as well as ex vivo subcutaneous (SAT) and visceral (VAT) adipose tissue conditioned medium, we were able to show that adipocyte-released factors play a dual role in increasing melanoma cell overall survival, both by enhancing proliferation and decreasing apoptosis. B16-F10 cell migration and cell-cell and cell-matrix adhesion capacity were predominantly enhanced in the presence of SAT and VAT released factors. Melanocytes morphology and melanin content were also altered by exposure to adipocyte conditioned medium disclosing a more dedifferentiated phenotype of melanocytes. In addition, exposure to adipocyte-secreted molecules induced melanocytes to rearrange, on 3D cultures, into vessel-like structures and generate characteristic vasculogenic mimicry patterns. These findings are corroborated by the released factors profile of 3T3-L1, SAT and VAT assessed by microarrays, and led us to highlight the mechanisms by which adipose secretome from sub-cutaneous or visceral depots promote melanoma progression.
Journal of Cellular Biochemistry
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jcb.25463/abstract