Prémio Pulido Valente Ciência 2014 para investigação sobre telomerase

send to a friend share this

Prémio Pulido Valente Ciência 2014 para investigação sobre telomerase

Wednesday, 04.03.2015

O investigador João Vinagre foi distinguido com o Prémio Pulido Valente Ciência 2014, por ter identificado que o aumento de uma proteína, a telomerase, é comum em cancros mais agressivos da tiróide, bexiga e do sistema nervoso central.

 

O trabalho de João Vinagre, investigador do Ipatimup - Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, revela que numa região do gene da telomerase existem alterações que se traduzem num aumento da proteína, e que isso está associado a «tumores mais agressivos e com pior resposta terapêutica», nos casos de cancros da tiróide, bexiga e sistema nervoso central.

A telomerase actua nos telómeros, estruturas que existem na extremidade dos cromossomas. Segundo o cientista, nas células normais, os telómeros desgastam-se a cada ronda da divisão celular, e deixam de expressar a sua enzima, «levando a que a célula pare de se dividir quando os telómeros ficam demasiado curtos», e morra. Nos cancros da tiróide, da bexiga e do sistema nervoso central mais agressivos, o que acontece é que as células tumorais puderam progredir, dividir-se indefinidamente, porque conseguiram reactivar a telomerase, produzi-la excessivamente.

 

«Os tumores que têm esta alteração vão necessitar de mais tratamentos, tratamentos alternativos», afirmou João Vinagre em declarações à Agência Lusa, exemplificando que, para o cancro da tiróide, serão necessárias «doses maiores de radioiodoterapia».

 

Para a investigação, publicada na revista Nature Communications com o título «Frequency of TERT promoter mutations in human cancers»,  João Vinagre analisou 741 amostras de cancro da tiróide, bexiga e sistema nervoso central de mulheres e homens de várias idades. Actualmente, a sua equipa está a estudar séries maiores de tumores, para confirmar o papel da telomerase no desenvolvimento dos cancros e aferir o seu potencial como marcador biológico, no sentido de ser usado para seleccionar, por meio de análises ao sangue e à urina, casos mais agressivos de cancro e neles actuar.

 

O Prémio Pulido Valente Ciência, no montante de dez mil euros, é atribuído desde 2013 pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pela Fundação Professor Francisco Pulido Valente e distingue o melhor trabalho publicado no domínio das Ciências Biomédicas e feito por investigadores com menos de 35 anos, em laboratórios portugueses. A edição de 2014 tinha como tema a «Heterogeneidade em tumores: ao nível do genoma maligno e/ou ao nível celular».