Novas pistas para a imunoterapia do cancro do pâncreas

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Novas pistas para a imunoterapia do cancro do pâncreas

Wednesday, 25.06.2014

Targeting CXCL12 from FAP-expressing carcinoma-associated fibroblasts synergizes with anti–PD-L1 immunotherapy in pancreatic cancer - comentado por Telma Lança, Netherlands Cancer Institute

 

O conceito de que o sistema imunitário faz parte do microambiente tumoral foi proposto por Paul Ehrlich no inicio do século XX. Contudo apenas recentemente se obteve sucesso clínico com uma terapia baseada na modelação de sistema imunitário para combater o cancro (pelo uso de um anticorpo monoclonal que bloqueia uma molécula chave na inibição de células T (CTLA-4)). Esta demora pode ser em parte explicada pela grande complexidade que existe no microambiente tumoral o qual é composto por vários tipos de células: células tumorais,  células do sistema imunitário (células T por exemplo), células da parede vascular e fibroblastos associados a células cancerígenas (em inglês: cancer-associated fibroblasts CAFs). Curiosamente estes componentes do microambiente tumoral podem ter um papel tanto na inibição como no crescimento dos tumores.

Um estudo recente publicado no PNAS (http://www.pnas.org/content/110/50/20212.long) mostra que, num modelo animal de cancro do pâncreas, apesar dos tumores estarem infiltrados com células T, estes progridem e não são afetados por uma terapia baseada no bloqueio de uma molécula inibidora de células T (PD-1, programmed cell death-1). Os autores demonstram que a razão por detrás deste paradoxo é a produção de uma quimiocina (CXCL12) por parte dos CAFs e que o bloqueio do respectivo receptor CXCR4 (expresso em células T) ou a eliminação dos CAFS do ambiente tumoral tem um efeito sinergístico com o bloqueio de PD-1 levando a uma diminuição dos tumores.

Este artigo mostra que a compreensão das interações complexas que decorrem no microambiente tumoral pode levar ao desenvolvimento de novas terapias baseadas na sinergia entre drogas que modulam o sistema imunitário em vários aspectos da resposta antitumoral. Outra mais valia deste interessante estudo é que apesar de ter sido desenvolvido num modelo animal de cancro do pâncreas, como os CAFs estão presentes em vários tipos de adenocarcinomas, esta nova terapia pode potencialmente ser aplicada  a outras neoplasias.