Associação Portuguesa de Investigação em Cancro
Fungos marinhos: uma fonte emergente de potenciais agentes anticancerígenos
Fungos marinhos: uma fonte emergente de potenciais agentes anticancerígenos

Os fungos marinhos são amplamente conhecidos enquanto fontes produtoras de metabolitos secundários estruturalmente únicos, tendo já sido reportados mais de 1000 metabolitos até ao presente. Apesar da ausência de metabolitos derivados de fungos marinhos no atual arsenal terapêutico, dezenas têm sido classificados como potenciais candidatos ao desenvolvimento de novos agentes quimioterapêuticos devido às suas propriedades anticancerígenas. Ao longo da última década, vários artigos têm dado ênfase às potenciais atividades anticancerígenas de metabolitos derivados de fungos marinhos. No entanto, nesses artigos o termos “citotóxico” é erradamente considerado sinónimo de “agente anticancerígeno”. De facto, um composto citotóxico é por definição um composto venenoso. Para ser classificado de potencial agente anticancerígeno, um composto citotóxico deverá pelo menos apresentar (i) seletividade entre células normais e cancerígenas (ii) atividade contra células cancerígenas resistentes a fármacos e (iii) preferencialmente um mecanismo de morte celular não-apoptótico, na medida em que é reconhecido que uma elevada proporção de células cancerígenas resistentes à quimioterapia, são na verdade células cancerígenas resistentes à apoptose contra as quais os fármacos pro-apoptóticos apresentem uma eficácia extremamente limitada. O presente artigo apresenta diversos metabolitos citotóxicos produzidos por fungos marinhos reportados pelas suas propriedades anticancerígenas, com particular ênfase nos compostos que apresentam atividade citotóxica contra células cancerígenas através de mecanismos de morte celular não-apoptóticos.
Nelson G. M. Gomes (1,2); Florence Lefranc (3); Anake Kijjoa (1,2); Robert Kiss (4)
1) ICBAS - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Rua de Jorge Viterbo Ferreira 228, 4050-313 Porto, Portugal.
2) Interdisciplinary Centre of Marine and Environmental Research (CIIMAR), Universidade do Porto, Rua dos Bragas 289, 4050-123 Porto, Portugal.
3) Service de Neurochirurgie, Hôpital Erasme, Université Libre de Bruxelles, 808 Route de Lennik, 1070 Brussels, Belgium.
4) Laboratoire de Cancérologie et de Toxicologie Expérimentale, Faculté de Pharmacie, Université Libre de Bruxelles, Campus de la Plaine, CP205/1, Boulevard du Triomphe, 1050 Brussels, Belgium.
Marine fungi are known to produce structurally unique secondary metabolites, and more than 1000 marine fungal-derived metabolites have already been reported. Despite the absence of marine fungal derived metabolites in the current clinical pipeline, dozens of them have been classified as potential chemotherapy candidates because of their anticancer activity. Over the last decade, several comprehensive reviews have covered the potential anticancer activity of marine fungal-derived metabolites. However, these reviews consider the term “cytotoxicity” to be synonymous with “anticancer agent”, which is not actually true. Indeed, a cytotoxic compound is by definition a poisonous compound. To become a potential anticancer agent, a cytotoxic compound must at least display (i) selectivity between normal and cancer cells (ii) activity against multidrug-resistant (MDR) cancer cells; and (iii) a preferentially non-apoptotic cell death mechanism, as it is now well known that a high proportion of cancer cells that resist chemotherapy are in fact apoptosis-resistant cancer cells against which pro-apoptotic drugs have more than limited efficacy. The present review thus focuses on the cytotoxic marine fungal-derived metabolites whose ability to kill cancer cells has been reported in the literature. Particular attention is paid to the compounds that kill cancer cells through non-apoptotic cell death mechanisms.
Marine Drugs
http://www.mdpi.com/1660-3397/13/6/3950