Associação Portuguesa de Investigação em Cancro
Os membros do Conselho Científico da ASPIC sobre Mariano Gago
Os membros do Conselho Científico da ASPIC sobre Mariano Gago
«É um dia triste para Portugal e para a Europa. Destaco algumas coisas:
- a sua inteligência e educação;
- o seu espírito de usar a política para servir a Nação e a Europa;
- o papel enorme que teve em transformar a Ciência portuguesa. Segredo: percebeu que só o podia fazer apesar da Universidade!
- o trabalho árduo para fomentar a Ciência na Europa. Se há um ERC em grande parte a ele se deve.»
Carlos Caldas
«Fazedor obstinado, negociador inteligentíssimo
Trabalho em cancro, nós sabemos que as pessoas morrem. Mas temos sempre esperança que haja pessoas que morram depois de nós. José Mariano Gago representa 40 anos da minha vida activa. Nós não queríamos que ele morresse. É sempre brutal a morte de um amigo. Ele deixa um vazio enorme numa paisagem política onde escasseiam as personalidades. Era exemplar. E temos cada vez menos tipos exemplares. Ele era um fazedor obstinado e um negociador inteligentíssimo. Queria fazer coisas, não era fundamentalista, o ponto de chegada era o que lhe interessava. E conseguiu quase tudo o que queria em termos de revolucionar a cultura científica de um país. Não sei como é que vamos responder ao vazio. Espero que as pessoas da ciência, os amigos dele, respondam com acção. Temos de tornar a ciência e a qualificação das pessoas em prioridades absolutas do país. Não é assim tão caro e é indispensável no futuro. Ele foi exemplar nisto, bateu-se muito pela educação dos adultos, achava que havia um problema de literacia. Vamos ajudar o país a perceber que tem de qualificar os seus cidadãos».
Manuel Sobrinho Simões
«Embora não tivesse lidado de perto com o Prof. Mariano Gago sempre me tocou a sua maneira de ser, afável, educada e cordial, com enorme cultura e espírito aberto, conseguindo apreender assuntos que não tocavam a sua área (e aqui tive a experiência pessoal deste aspecto). Sem dúvida o homem a quem a Ciência em Portugal mais deve nas últimas três décadas. Excelente comunicador, lembro-me da conferência que fez no IPO a propósito dos 90 anos do Instituto e de uma outra a que assisti na Gulbenkian, ambas brilhantes e bem humoradas.
Oxalá o seu exemplo seja inspirador, sobretudo para os mais novos.
É uma perda grande e lamento-o profundamente.»
Manuel Abecasis