Vetorização para o cancro através da administração de nanopartículas contendo resveratrol: foco na evidência in vivo

envie a um amigo share this

Vetorização para o cancro através da administração de nanopartículas contendo resveratrol: foco na evidência in vivo

Terça, 20.08.2019

O resveratrol (RSV) é um polifenol dotado de potenciais efeitos terapêuticos em doenças crónicas, particularmente no cancro, a segunda principal causa de morte mundial do século vinte e um. A aplicação da nanotecnologia para efeitos de administração de medicamentos permite superar as restrições associadas aos tratamentos anticancerígenos convencionais, particularmente em relação à quimioterapia, permitindo reduzir efeitos adversos, eliminando riscos e ultrapassando os fenómenos de multirresistência aos fármacos. Além disso, o uso de transportadores baseados em nanotecnologia para a administração de agentes anticancerígenos derivados de plantas, como o RSV, já demonstrou superar a fraca solubilidade em água, instabilidade e biodisponibilidade reduzida associados aos fitoquímicos, melhorando a sua atividade terapêutica, e portanto levando ao desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos. Esta revisão destaca o potencial anticancerígeno in vivo do RSV conseguido por abordagens nanoterapêuticas. Em primeiro lugar, as características físico-químicas, a estabilidade e a farmacocinética do RSV são descritas. De seguida, as propriedades quimioterapêuticas e quimiopreventivas do RSV são apresentadas, enfatizando os numerosos alvos moleculares de cancro atingidos pelo RSV. Por fim, é efetuada uma análise abrangente das nanopartículas carregadas com RSV (RSV-NPs) desenvolvidas e administradas em diferentes modelos de cancro in vivo até o momento. As nanopartículas (NPs) demonstraram melhorar a solubilidade, a estabilidade, a  farmacocinética e a biodistribuição do RSV em tecidos cancerígenos, aumentando acentuadamente a sua atividade anticancerígena in vivo. As RSV-NPs são, portanto, consideradas uma potencial estratégia baseada na nanomedicina para combater o cancro; no entanto, são necessários ainda mais estudos para permitir a translação clínica das RSV-NPs.

 

Autores e Afiliações:

Ana Cláudia Santos1,2§*, Irina Pereira1,2§, Mariana Magalhães1,2, Miguel Pereira-Silva1, Mariana Caldas1, Laura Ferreira1, Ana Figueiras1,2, António J. Ribeiro1,3, Francisco Veiga1,2

1 Departamento de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Azinhaga Sta. Comba, 3000-548 Coimbra, Portugal

2 REQUIMTE/LAQV, Departamento de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Azinhaga Sta. Comba, 3000-548 Coimbra, Portugal

3 i3S, Grupo da Genética da Disfunção Cognitiva, Instituto de Biologia Molecular e Celular, Rua do Campo Alegre, 823, 4150-180 Porto, Portugal

§Ambos os autores contribuíram igualmente para este trabalho

 

Abstract:

Resveratrol (RSV) is a polyphenol endowed with potential therapeutic effects in chronic diseases, particularly in cancer, the second leading cause of death worldwide in the twenty-first century. The advent of nanotechnology application in the field of drug delivery allows to overcome the constrains associated with the conventional anticancer treatments, in particular chemotherapy, reducing its adverse side effects, off target risks and surpassing cancer multidrug chemoresistance. Moreover, the use of nanotechnology-based carriers in the delivery of plant-derived anticancer agents, such as RSV, has already demonstrated to surpass the poor water solubility, instability and reduced bioavailability associated with phytochemicals, improving their therapeutic activity, thus prompting pharmaceutical developments. This review highlights the in vivo anticancer potential of RSV achieved by nanotherapeutic approaches. First, RSV physicochemical, stability and pharmacokinetic features are described. Thereupon, the chemotherapeutic and chemopreventive properties of RSV are underlined, emphasizing the RSV numerous cancer molecular targets. Lastly, a comprehensive analysis of the RSV-loaded nanoparticles (RSV-NPs) developed and administered in different in vivo cancer models to date is presented. Nanoparticles (NPs) have shown to improve RSV solubility, stability, pharmacokinetics and biodistribution in cancer tissues, enhancing markedly its in vivo anticancer activity. RSV-NPs are, thus, considered a potential nanomedicine-based strategy to fight cancer; however, further studies are still necessary to allow RSV-NP clinical translation.

 

Revista: The AAPS Journal

 

Linkhttps://link.springer.com/article/10.1208%2Fs12248-019-0325-y