Associação Portuguesa de Investigação em Cancro
Padrões de variação na mortalidade por cancro do estômago a nível mundial
Padrões de variação na mortalidade por cancro do estômago a nível mundial
Foram identificados três padrões de variação na mortalidade por cancro do estômago a nível mundial, permitindo a criação de um modelo que mostra a sequência de três fases correspondente a um período de aproximadamente 70 anos, o qual pode servir de base para projeções da tendência no futuro.
Autores e Afiliações:
Bárbara Peleteiroa,b, Milton Severoa,b, Carlo La Vecchiac,d, Nuno Luneta,b
aDepartmento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Portugal
bInstituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), Porto, Portugal
cDepartmento de Epidemiologia, IRCCS-Istituto di Ricerche Farmacologiche Mario Negri, Milão, Itália
dDepartmento de Ciências Médicas e Saúde Pública, Universidade de Milão, Itália
Abstract:
O decréscimo que se tem verificado nas últimas décadas nas taxas de mortalidade por cancro do estômago não se deveu a intervenções específicas para o efeito, sendo que provavelmente diferentes países terão seguido modelos similares de variação das taxas ao longo do tempo.
Com este trabalho pretendeu-se identificar padrões nas tendências temporais de mortalidade por cancro do estômago entre 1980 e 2010, com base em modelos matemáticos para constituir grupos de países homogéneos relativamente à evolução das taxas de mortalidade.
Através da análise dos dados de mortalidade por cancro do estômago em 62 países, foram identificados três padrões principais: o padrão 1, caracterizado pelas mais elevadas taxas de mortalidade em 1980, seguido do padrão 2, com valores intermédios, e do padrão 3, com os valores mais baixos. Para todos os padrões, verificou-se que o declínio das taxas de mortalidade foi mais acentuado entre 1980 e 1995 do que no período 1996-2010.
Estes padrões relacionam-se inversamente com o nível socioeconómico dos países, isto é, os países englobados no padrão 1 apresentam um rendimento nacional bruto inferior aos países que pertencem ao padrão 3. É de realçar que a maioria dos países incluídos no padrão 1 eram países da América Latina e da Europa de Leste, enquanto no padrão 3 se encontravam essencialmente países da América do Norte, da Europa Ocidental e da Oceânia.
Se assumirmos que o padrão 1 precede temporalmente os outros dois padrões encontrados, o nosso modelo para a variação da mortalidade por cancro do estômago mostra a sequência de três fases correspondente a um período de aproximadamente 70 anos. Assim, será de esperar, que na ausência de novas estratégias para o controlo e prevenção deste tipo de cancro, os países se encontram atualmente no padrão 1 terão de percorrer as duas fases subsequentes para atingir valores mais baixos de mortalidade.
Portugal insere-se no padrão 2, pelo que existe potencial para um ainda maior decréscimo da mortalidade por cancro do estômago no nosso país.
Revista: European Journal of Cancer Prevention