Impacto da pandemia de COVID-19 nos rastreios de cancro em Portugal

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Impacto da pandemia de COVID-19 nos rastreios de cancro em Portugal

Segunda, 29.07.2024

A pandemia de COVID-19 afetou diversas áreas de atividade na sociedade, nomeadamente a prestação de cuidados de saúde à população. Foi conduzido um estudo com o objetivo avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no rastreio de cancro em Portugal e as suas consequências na morbilidade e mortalidade por cancro. Foram comparados os períodos pré-pandémico e pandémico, nomeadamente números e proporções de indivíduos rastreados para cancro da mama, colo do útero e colorretal, no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Os dados pré-pandémicos foram modelados para projetar cenários hipotéticos sem pandemia e comparados com os dados observados durante a pandemia. Face ao que seria expectável num cenário sem pandemia, verificou-se uma redução dos rastreios de cancro da mama de 13%, do colo do útero de 15% e colorretal de 9% a 11% durante os primeiros dois anos da pandemia. Com base nas projeções do modelo desenvolvido, esta disrupção no programa de rastreios poderá resultar em 695 mortes adicionais, na perda de 4 a 11 meses de vida por doente e de 17 mil anos de vida pela população portuguesa, devido a cancro, ao longo de 25 anos. As implicações a longo prazo da perturbação no rastreio de cancro devem ser avaliadas e devem ser implementadas medidas proativas para mitigar o aumento da morbilidade e da mortalidade por cancro associadas à pandemia de COVID-19.

 

Autores e afiliações:

Diogo Mendes a,b, Daniel Figueiredo c, Carlos Alves a,b, Ana Penedones a,b, Beatriz Costa b,
Francisco Batel-Marques a,b.
a Laboratório de Sociofarmácia e Saúde Pública, Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Portugal
b Clevidence, Porto Salvo, Portugal
c Centro de Investigação e Desenvolvimento em Matemática e Aplicações, Universidade de Aveiro, Portugal

 

Abstract:

Objectives: This study aimed to evaluate the impact of the COVID-19 pandemic on cancer screening in Portugal, and its consequences on cancer morbidity and mortality.
Methods: The pre-pandemic and pandemic periods were compared using publicly available data on performance and health outcomes indicators of the Portuguese NHS, namely the numbers and proportions of eligible in­dividuals who underwent cancer screening (breast, cervical or colorectal). Pre-pandemic data were modelled to project hypothetical scenarios without a pandemic using an exponential smoothing algorithm, and then compared with data collected during the COVID-19 pandemic. A Markov model was developed to estimate years of life lost (YLL) due the reduction in the number of cancer screenings during the pandemic. The MS Excel and the PRISM symbolic model checker software were used.
Results: There was a decrease in the number of breast (13 %), cervical (15 %) and colorectal (9–11 %) cancers screenings during the first two years of the pandemic. The model projections are 506, 41, and 148 additional deaths, losses of 11, 6, and 4 months of life per patient, and 12.8 thousand, 576, and 4 thousand YLL by the population due to breast, cervical, and colorectal cancer, respectively, over a 25-year time horizon in Portugal.

Conclusions: The disruption in cancer screening may contribute to increase cancer morbidity and mortality, with significant YLL. The long-term implications of the impaired cancer screening should be assessed, and proactive measures put in place to mitigate the increase in cancer morbidity, and mortality associated with the COVID-19 pandemic.

 

Revista: Cancer Epidemiology

 

Link: https://doi.org/10.1016/j.canep.2023.102496