Morreu Raquel Seruca, a cientista em cancro que mais inspirou novas gerações em Portugal

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Morreu Raquel Seruca, a cientista em cancro que mais inspirou novas gerações em Portugal

Terça, 31.05.2022

A investigadora Raquel Seruca, vice-diretora do Ipatimup, líder do grupo «Epithelial Interactions in Cancer» do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), professora da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) e referência mundial no estudo do cancro gástrico, faleceu esta segunda-feira, aos 59 anos, vítima de doença oncológica.

 

A Direção da ASPIC manifesta o mais profundo pesar pelo falecimento de uma cientista brilhante e inspiradora, uma amiga e sócia da ASPIC, que sempre se empenhou em aproximar a Associação à sociedade civil e às associações de doentes oncológicos. A ASPIC transmite à família e amigos, e a toda a equipa do Ipatimup e do i3S, nesta hora difícil, as suas sentidas condolências.

 

Natural do Porto, cidade onde nasceu a 9 de junho de 1962, Raquel Seruca licenciou-se (1986) e doutorou-se (1995) em Medicina pela FMUP e foi bolseira de investigação no Departamento de Genética Humana da Universidade de Groningen (Países Baixos). De regresso a Portugal, iniciou um pós-doutoramento em genética molecular do cancro do estômago no Ipatimup – Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da U.Porto (hoje integrado no i3S) com o patologista Manuel Sobrinho Simões.

 

Raquel Seruca teve um papel fundamental no estabelecimento da instabilidade genética como marcador molecular associado aos cancros do estômago e do cólon e na identificação das mutações do gene da Caderina-E como causa do carcinoma hereditário do estômago. Autora de mais de 250 artigos publicados nas mais prestigiadas revistas científicas, como New England Journal of Medicine, Lancet Oncology ou Human Molecular Genetics, Raquel Seruca é reconhecida internacionalmente no campo da genética do cancro gástrico e considerada uma especialista mundial na descoberta de mecanismos moleculares associados à invasão das células neoclássicas. Foi ainda responsável pela formação de várias gerações de investigadores e colaborou em muitos programas de doutoramento.

 

Para além de ter sido galardoada diversas vezes pela Sociedade Portuguesa de Genética Humana, Raquel Seruca conquistou o prémio Benjamin Castelman Award USCAP, em 2001 e em 2012, o Prémio Labmed em 2002 e 2003, e recebeu a insígnia de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 2009. Em 2014 a Câmara Municipal do Porto distinguiu-a com a Medalha Municipal – Grau Ouro.

 

Em 2015, a sua equipa recebeu um prémio – reforçado em 2019 e 2021 – da ‘No Stomach For Cancer’, uma associação norte-americana que apoia famílias com cancro gástrico e à qual Raquel Seruca estava ligada enquanto membro do Conselho Científico Consultivo.

 

Mais recentemente, foi distinguida com o Prémio ACTIVA Mulheres Inspiradoras de Ciência 2021 pelo trabalho de coordenação da candidatura do i3S, no âmbito do consórcio Porto Comprehensive Cancer Centre (P.CCC), aos fundos do Norte 2020.

 

O funeral decorre esta terça-feira, 31 de maio, pelas 15h, na igreja de Cedofeita no Porto.